O período de aproximação nada mais é que um namoro. Um dia a gente
troca olhares, conversa um pouco e se encanta. No outro ele se finge
desinteressado, se junta à outra rodinha e propositadamente nem olha muito em
minha direção. Pois bem, ontem eles fizeram um charme quando chegamos? Hoje foi
nossa vez de grudarmos neles pra nem terem chance de fugir!
Chegamos debaixo de pingos grossos de chuva fora de época. Cheios de
blusa de frio pra vencer o vento gelado que já roubou minha voz há dias,
chegamos e entramos rapidinho no abrigo. Ontem eles nem deram bola né? Devia
ter fotografado a carinha deles de surpresa quando chegamos! Coisa mais linda
de se ver, compensou cada perrengue do caminho! Chegamos e logo cobre meu beijo
na bochecha do Tsunami e meu abraço bem forte do Marola. Logo a funcionária do
abrigo me avisou que o maior tira tarefa da escola pra fazer; ajudei ele a
encontrar as páginas que tinham atividades pra ele fazer e fomos logo pra mesa
pra estudarmos juntos. O STU pegou logo o Tsunami, um bloco de notas, um bando
de canetinhas e sentou do nosso lado. Tava todo mundo estudando!
Ontem foi realmente especial: ficamos os quatro um tempão lá. Fiz
questão de ouvir o Marola lendo cada linha e sendo bem do chato, perguntando se
ele tinha entendido, fazendo ele pensar em várias formas de resolver o mesmo
problema; enfim, fazendo de tudo pra demorar bastante porque eu estava amando
aquilo tudo! Mais tarde percebi que peguei pesado mesmo: o menino tava até
bocejando no final; acho que enrolei demais ele. Risos! Do nosso lado tava o
mascotinho, pintando e bordando, chamando todo mundo, mandando beijo. Vez ou
outra descia do colo do STU, corria pra lá e pra cá, pegava uma mamadeira com
suco e, de novo, nos impressionou: um dia desses ficamos impressionados com uma
criança com menos de três anos oferecendo um pedaço da bolacha que ele havia
ganhado. Ontem aconteceu de novo: ganhou uma mamadeira de suquinho e antes mesmo
de beber ofereceu pro irmão, pra mim e pro STU. Ai que vontade de morder aquela
bochecha!
Atrasamos um pouco; ficamos até perto das oito da noite e então
voltamos pra casa. Mas o pensamento? Até agora, desde que saímos, continua lá:
o tempo todo neles.
com carinho,
dois pais.
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