Dia 03: amorzinho



O período de aproximação nada mais é que um namoro. Um dia a gente troca olhares, conversa um pouco e se encanta. No outro ele se finge desinteressado, se junta à outra rodinha e propositadamente nem olha muito em minha direção. Pois bem, ontem eles fizeram um charme quando chegamos? Hoje foi nossa vez de grudarmos neles pra nem terem chance de fugir!

Chegamos debaixo de pingos grossos de chuva fora de época. Cheios de blusa de frio pra vencer o vento gelado que já roubou minha voz há dias, chegamos e entramos rapidinho no abrigo. Ontem eles nem deram bola né? Devia ter fotografado a carinha deles de surpresa quando chegamos! Coisa mais linda de se ver, compensou cada perrengue do caminho! Chegamos e logo cobre meu beijo na bochecha do Tsunami e meu abraço bem forte do Marola. Logo a funcionária do abrigo me avisou que o maior tira tarefa da escola pra fazer; ajudei ele a encontrar as páginas que tinham atividades pra ele fazer e fomos logo pra mesa pra estudarmos juntos. O STU pegou logo o Tsunami, um bloco de notas, um bando de canetinhas e sentou do nosso lado. Tava todo mundo estudando!

Ontem foi realmente especial: ficamos os quatro um tempão lá. Fiz questão de ouvir o Marola lendo cada linha e sendo bem do chato, perguntando se ele tinha entendido, fazendo ele pensar em várias formas de resolver o mesmo problema; enfim, fazendo de tudo pra demorar bastante porque eu estava amando aquilo tudo! Mais tarde percebi que peguei pesado mesmo: o menino tava até bocejando no final; acho que enrolei demais ele. Risos! Do nosso lado tava o mascotinho, pintando e bordando, chamando todo mundo, mandando beijo. Vez ou outra descia do colo do STU, corria pra lá e pra cá, pegava uma mamadeira com suco e, de novo, nos impressionou: um dia desses ficamos impressionados com uma criança com menos de três anos oferecendo um pedaço da bolacha que ele havia ganhado. Ontem aconteceu de novo: ganhou uma mamadeira de suquinho e antes mesmo de beber ofereceu pro irmão, pra mim e pro STU. Ai que vontade de morder aquela bochecha!

Atrasamos um pouco; ficamos até perto das oito da noite e então voltamos pra casa. Mas o pensamento? Até agora, desde que saímos, continua lá: o tempo todo neles.

com carinho,


dois pais.

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