Exatamente um mês depois do casamento mudamos pra
nossa casa nova, e foi uma delícia. Curtimos cada conquista, participamos de
cada prego e móvel instalado lá. Fizemos questão disso! E curtimos tanto que
reservamos o segundo quarto pros filhos dos meninos: e já tinham nome! Nunca
tínhamos conversado muito seriamente sobre o assunto, mas nas entrelinhas eu
sempre citava o fato de querer filhos. Como tudo com ele: conquisto pela
insistência. Falo tanto que ele acaba cedendo; nesse caso foi diferente. Não
houve um momento de “vamos ter um filho”. Já estava implícito; casamos – agora
quando vamos dar entrada nos papéis? E seriam dois. Não sei se já
nasceram, mas os nomes já estavam até escolhidos.
Quando a gente decidiu adotar, por incrível que
pareça, o nosso maior medo não era o fato de propriamente ter um filho, da
chance de vir um bebê com dias de vida e extremamente frágil, de toda a mudança
de comportamento e vida do casal que se transforma em família. Nosso maior
cuidado foi em como abordar nossas famílias e amigos. Querendo ou não o
processo de adoção é, por muitas vezes, moroso e incerto. Não sabemos se será
nos dada alguma restrição ou se o processo irá correr sem nenhum problema. Dar
entrada nos papéis não nos dá qualquer garantia que um dia teremos um filho.
Muito menos dois. Por isso resolvemos a questão da maneira mais simples (e pode
parecer até um pouco covarde) possível: não vamos contar pra ninguém! É a
melhor forma de controlar a expectativa de todos e de evitar qualquer
desconforto ou carga de desânimo caso alguém nos julgasse loucos por querer
criar “filhos sem mãe”. E mesmo sem contar, tive que ouvir isso!
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