Ainda sobre o tal curso preparatório de adoção, tivemos a
participação de dois casais que tiveram sucesso nos seus processos
recentemente. O primeiro, um casal gay aparentando seus 35 anos e extremamente
sorridentes. Nitidamente felizes ao lado do filho que adotaram há dois anos, o
menino – hoje com 8 anos – conheceu os pais poucos dias antes do aniversário de
seis anos. Contaram que 15 dias após terem sido habilitados pela juíza,
receberam a ligação da Vara dizendo que tinham uma criança para apresentá-los.
No dia seguinte foram ao gabinete onde foi passado o perfil da criança e
mostrada a foto. Os dois se apaixonaram pelo menino e dois dias após a ligação
já estavam visitando o abrigo e fazendo companhia às crianças que dividiam casa
com ele. Conheceram por alguns dias a rotina do abrigo, jogaram bola com os
meninos e aos poucos foram se aproximando daquele que era o motivo de todas as
visitas. Até que no terceiro ou quarto dia o menino virou pros dois intrusos e
perguntou, na lata: “vocês vão me adotar?”. Até que um deles prontamente retrucou
a pergunta: “você quer ser nosso filho?”. Ele abriu o sorrisão. Na semana
seguinte o menino já estava na casa nova. Aquela correria: reformar o quarto,
comprar móveis, roupas, brinquedos, visitar escolas. Correria boa que todos nós
sonhamos!
Uma linda família, realmente inspiradora a história.
E não teve como não nos imaginar nisso tudo. Quando a gente vê um caso tão
próximo do que queremos e tão perto da gente, é de arrepiar. Já me imaginei
contando no trabalho que tinha dado certo, fazendo a via-sacra pra meu filho conhecer
todo mundo da família... foi muito empolgante! Fora a emoção que, a cada
história boba do dia a dia que eles contavam, mais uma lágrima rolava. É muita
alegria e ansiedade!
Outra família foi nos apresentada: um casal de uns 40 anos
e 12 anos de casados. Relataram que tiveram problemas de fertilidade e tentaram
algumas terapias sem sucesso. Ao invés de investirem em terapias mais certeiras
(e caras) – e depois de longas conversas e sessões de terapia com psicólogo –
resolveram que a melhor saída pra eles seria por meio de uma adoção. Nas
entrevistas apontaram o desejo de ter um bebê – colocaram como idade máxima 1
ano de idade. Dias após a Habilitação ocorreu como do primeiro casal: receberam
a ligação, foram conhecer o perfil e ver a foto e no dia seguinte foram visitar
o abrigo. Diferente do menino da primeira história, o bebê estava um pouco
apático ao casal. Não demonstrava aquele riso frouxo que eles esperavam e
entenderiam o sinal de “esse é meu filho”; e eles precisavam disso! Pediram
então 5 minutos a sós com o bebê no quarto e contaram um pouco dos pedidos que
faziam a Deus que intercedesse e mostrasse a eles se aquele seria o filho que
eles tanto esperavam. Foi então que a futura mamãe deixou o bebê no colo do
marido para pegar uma bolinha que havia rolado pro canto do quarto. Foi ela
soltar a criança pra ela começar a chorar sem parar, e a mãe achando normal,
como um choro de bebê qualquer. O pai, sem reação, pediu insistentemente pra
ela pegar de volta a criança no colo. E então receberam o tal sinal que tanto
esperavam: não só parou de chorar, como o bebê se apoiou no ombro da mãe e
descansou. Foi a criança parar pros pais começarem a chorar! Pediram dois dias
pra organizar tudo pra chegada do bebê em casa, e na sexta-feira da mesma
semana que receberam a ligação, ganharam um filho!
Os dois casos demonstram um pouco a desmistificação que é
necessária analisar. Fala-se muito na morosidade do processo de adoção; todavia
o problema não está no processo, mas nos candidatos. Quanto mais filtros (e
quanto mais filtros longe da realidade das crianças aptas à adoção no Brasil),
mais difícil ocorrer esse encontro de perfis. Outro ponto urgente a se pensar é
em relação à adoção tardia. Problema sério e muito pouco abordado já que muita
gente sonha com o bebê achando que o vínculo com uma criança já crescida é mais
difícil. O menino de 8 anos me pareceu apaixonado pelos pais... <3
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