21 de março é o Dia Internacional da
Síndrome de Down.
Se tem uma coisa que aprendi na vida,
é ter curiosidade. conhecer de perto é a melhor maneira de evitar qualquer
injustiça, preconceito ou faço julgamento. tenho a sorte de conviver, ainda que
a maior parte do tempo à distância, com uma pessoa com down. mais que isso: uma
criança maravilhosa de uns sessenta e tantos. é tanto carinho e amor que enche
a casa de alegria e os olhos d’água.
Recentemente comecei a ler um livro
que fala um pouco disso, com um olhar delicado e muito real. a quem se
interessar ler um livro premiado, a quem quiser saber mais a respeito do down,
a quem ainda tem algum preconceito: recomendo! down pede atenção sem
preconceito!
<<<
O
problema é que as coisas – o filho agora, e toda a interminável e asfixiante
soma dos pequenos fatos cotidianos que ele acumulou a vida inteira com a
sensação de que criava e nutria uma personalidade própria – as coisas não são
nada em si. O mundo não fala. Sou eu que dou a ele a minha palavra; sou eu que
digo o que as coisas são. Esse é um poder inigualável, eu posso falsificar tudo
e todos, sempre, um Midas Narciso, fazendo de tudo minha imagem, desejo e
semelhança. Que é mais ou menos o que todos fazem, o tempo todo: falsificar. Essa
algaravia monumental em toda parte, todos falando tudo a todo instante, esse
horror coletivo ao silêncio. Ha outra perspectiva? Nada tem essência alguma
(ele lembra dos livros que leu) em lugar algum. Isso, sim, faz sentido. Eu só
preciso escapar dessa asfixia. 0 filho e a imagem mais próxima da ideia de
destino, daquilo de que você não escapa. Ou daquilo de que você não pode
escapar? Por que? Por que eu não posso tomar outro rumo? – será a pergunta que
fará várias vezes ao longo da vida. Porque eu já tenho uma essência, ele
responde, que eu mesmo construí. A minha liberdade e uma margem muito estreita,
suficiente apenas para me deixar em pé.
No
escuro, a criança dorme.
>>>
|Tezza, Cristovão – O filho eterno,
2012|
Comentários
Postar um comentário