Numa tarde ensolarada de sábado nos encontramos de novo com o
pessoal do Projeto Acolher para nossa terceira reunião do Meu Projeto de Adoção
com o tema: “A passagem da(s) criança(s) do abrigo à sua nova família. A
participação da família extensa, da escola e dos amigos”. Começamos com algumas
perguntas relacionadas a isso:
Ø Como
você imagina que será a chegada da criança à sua casa?
Ø E a
saída do abrigo: acredita que seja tranquilo ou trabalhoso esse desligamento
para a criança?
Ø Como
tornar essas passagens e menos traumáticas para as crianças?
Em meio às perguntas, as mediadoras contavam um pouco das suas
histórias. As adoções de bebês ocorreram com muito mais tranquilidade àquelas
de crianças já crescidinhas. Algumas relutaram um pouco em mudar de vida,
outras não esboçaram isso na hora, mas depois contaram aos pais sobre o pavor e
o medo que sentiram nesse dia.
É preciso tomar muito cuidado: é necessário planejar, ao menos
hipoteticamente, como seria o ideal de ações para esse dia. Isso porque
certamente será tudo diferente, mas pelo menos tivemos essa preocupação e
pensamos nas questões envolvidas nesse processo. O fato é: a criança vive no
abrigo cercada de regras e cerceada de qualquer liberdade. Tudo é o coletivo. É
normal a criança criar uma certa expectativa de que quando ela sair do abrigo,
poderá criar suas próprias regras e rotinas; ela terá um quarto, brinquedos,
carinho. Sem deixarmos de lado o cuidado e atenção, temos que ser firmes e
proporcionarmos uma experiência em que a criança se sinta ao máximo “em casa”,
à vontade e muito, mas muito amada!
Muitas vezes o trauma da criança é justamente de quando ela
morava numa casa como a que moramos; algumas se sentem mais “protegidas” no
grupo do abrigo. Têm de se criar uma relação de confiança e afeto para, aos
poucos, dar garantias ao nosso filho. Essa é sua casa, esses são seus pais e,
como tais, não vamos te abandonar. Pode até ter havido um histórico de abandono
ou qualquer coisa do tipo, mas no dia a dia temos que mostra-la que não
necessariamente a história se repete. E isso não pode ser imposto; cada criança
tem seu tempo, cada adulto também. Nos primeiros dias é comum uma certa paixão
entre as partes; mas com o passar dos dias os desgastes aparecem e aí está o
desafio. As diferenças culturais são muitas; por isso é essencial a paciência e
o papo aberto e sincero, sempre. Assim como as expectativas das crianças não
são atendidas em sua totalidade, a dos pais também não.
E você, já pensou sobre
isso?
Um bom começo de preparação pra amenizar todo o stress comum
dessa passagem é preparar também a família extensa pra conhecer a criança. Dois
casais participantes da reunião fizeram algo no Natal que me pareceu muito boa
ideia: junto com os presentes, deram livros com o tema sobre Adoção. E a ideia
pode crescer; não apenas livros, mas filmes, um cartão que seja. Qualquer coisa
vale. O importante é iniciar o assunto na mesa do jantar e deixar fluir. Quanto
mais a gente discute um assunto, mais a gente conhece e menos preconceito a
gente permite existir. De pouco em pouco o assunto Adoção está se tornando cada
vez mais natural. É só olharmos pra trás e pensarmos como era visto isso há 10,
20 anos? Simples assim. Façamos o que está nas nossas mãos: vamos contaminar os
que estão à nossa volta. Assim preparamos o terreno pra uma chegada bem mais
tranquila do nosso filho. Vamos juntos?
A quem deseja mais informações a respeito do Grupo de Apoio que
estamos participando, segue o contato abaixo:
Projeto Acolher
E-mail: projetoacolher@gmail.com
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