E a fila, como anda?




Passada a euforia da notícia da Habilitação (mentira, todo dia acordo saltitante porque lembro disso!) é natural a ansiedade e aquela perguntinha básica: em que lugar da fila será que estou?
A quem não está familiarizado ao processo, uma vez habilitados, passamos a compor o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), que é a famosa “fila de adoção” (item 04 do infográfico acima). E essa tal fila tem uma organização bem complexa, o que é até bom, já que não faria o menor sentido saber a tal posição. A colocação depende basicamente do perfil desejado que incluímos em nosso processo e preenchemos nas entrevistas junto às técnicas da Vara da Infância e Juventude (assistente social e psicóloga).
Sexo, raça, idades máxima e mínima, grupo de irmãos ou não, saúde física e/ou mental. Tudo isso entra pra compor o tal perfil e, dependendo das escolhas do pretendente, podem se tornar ônus ou bônus quanto ao prazo, em função do perfil mais comum de crianças abrigadas na região desejada. E tem aquela velha história que todo mundo ouve e repete: a fila demora anos e anos! Sim, pra quem quer uma bonequinha de porcelana – recém-nascida, olhos, pele e cabelos claros. Parece óbvio que no Brasil esse perfil é raro, não? Enfim, essa é a causa; pretendentes que fazem essa escolha devem ser pacientes, sem dúvida. Quanto maiores ou mais específicas as restrições feitas, maior o tempo a esperar.
O CNA pressupõe uma ordem por data da habilitação, onde os habilitados a mais tempo estão na frente daqueles habilitados após eles. A ordem cronológica da habilitação é o primeiro critério que os juízes usarão para encontrar pais para uma criança que não possa retornar à sua família biológica.
Um outro ponto importante a se abordar, vitória conquistada com a implementação do ECA, é o fato de todo o corpo técnico trabalhar pelas crianças, única e exclusivamente. O ECA e a Constituição Federal estabelecem dois princípios fundamentais para os direitos das crianças e adolescentes: o princípio da prioridade absoluta e da exclusividade dos interesses deles. Assim, na realidade o que fará com que os habilitados da fila sejam chamados é o perfil de pais que as crianças necessitam e não o perfil de crianças que os habilitados pretendem.
Caso haja uma criança que deva ser colocada em família via adoção, o juiz da comarca onde ela está procurará primeiro entre os habilitados desta mesma comarca pais para ela. Às vezes a criança apresenta alguma característica que não é aparente, mas que leva à exclusão de muitos habilitados, com perfis incompatíveis com esta característica dela. Exemplo disso são doenças como HIV, deficiências leves, casos de violência doméstica, etc.
Resumindo, é impossível saber ao certo quão perto estamos de receber a tal ligação (ou o que chamamos de “romper a bolsa” pros casos de adoção). Por ora a ansiedade que podemos matar de quem nos acompanha é: até hoje – quinta-feira, 28 de julho de 2016 10:13h, nenhuma ligação. Espero em breve contar como tudo aconteceu quando o telefone tocou...


Ah, não posso esquecer de agradecer o carinho dos nossos amigos e familiares que compartilharam com a gente esses dias por conta da Habilitação. É tão gostoso saber que não estamos sozinhos; aliás, que estamos muito bem acompanhados! Foram mais de 800 acessos ao blog em um dia, baita alegria compartilhar nossa história com vocês!

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