Um dia a gente escreve, noutro a gente lê.
Hoje me deparei com alguns textos de temática “Adoção” + “Gay” bem legais; vou
postar entre hoje e amanhã alguns deles!
Sou pai e sou gay: O que eu aprendi no primeiro ano de meus filhos
gêmeos
Por Yanir Dekel
Há um velho ditado judaico que diz: "As
crianças são a felicidade".
Nos primeiros seis meses de vida de nossos
gêmeos, isso só poderia ser verdade para mim e meu esposo se
"felicidade" pudesse ser definida como um tipo de delírio resultante
de um poderoso desejo de voltar no tempo e não ter nenhum filho.
Não sei como é para casais heterossexuais
cujos filhos são entregues, talvez, nos braços de uma gentil cegonha.
Nossos bebês foram lançados do
apropriadamente chamado "Enola Gay" [nome da mãe do piloto e do
primeiro avião que jogou uma bomba atômica durante a Segunda Guerra] sobre
Hiroshima e Nagasaki. Havíamos conversado sobre isso.
Fizemos terapia de casal sobre isso. Gastamos
centenas de milhares de dólares nos nossos pequenos "Manhattan
Projects". Amigos, família e desconhecidos na rua nos alertaram virando os
olhos, sorrisos cínicos e um "peraí, peraí, vocês não sabem o que os
esperam".
Ainda assim, nada poderia nos preparar para a
nuvem de cogumelo de privação do sono, perda de liberdade e a terra devastada
do que costumava ser um "estilo de vida gay" de ir à ginástica e sair
com amigos.
E o pior de tudo, esses "Little
Boys" ["Little Boy" foi o nome dado à bomba atômica] eram seres
viventes, que respiravam (gritavam), e a culpa de não saber se estávamos
cuidando deles corretamente -- muitas vezes nem mesmo querendo cuidar deles
--aquilo era quase insuportável.
Nossa barriga de aluguel, uma alma abençoada,
mora a cerca de 970 km de distância; portanto, para nós, todo o processo da
gravidez em si foi bastante remoto -- quer dizer, até pisarmos em uma sala de
parto e assistirmos, em estado de choque, como, 28 horas depois, nos vimos com
dois seres humanos que precisávamos cuidar pelo menos até a próxima eternidade.
Mas acontece que o pior da chuva radioativa
de nossa família nuclear começou a diminuir depois dos primeiros seis meses.
Nossas duas pequenas bolhas radioativas começaram a sorrir e fazer gracinhas.
Começaram a dar sinais de que sabiam quem
éramos e que ficavam muito felizes quando nos viam.
É verdade, aqueles seis meses também nos
mudaram -- nos tornaram homens que poderiam começar a encontrar nosso caminho
com essas novas pessoas.
Somos praticamente a primeira geração do
grupo LGBT capaz de ter filhos deste modo, por meio de barriga de aluguel.
Então é isso, eu e meu esposo nos conhecemos,
nos casamos e depois tivemos filhos (exatamente como os Republicanos exigem...
bem... exceto por... você sabe).
No entanto, isso era exatamente onde
queríamos que "Ozzie e Harriet" parassem e [o reality show] RuPaul's
Drag Race entrasse em cena.
Há muito a aprender a partir dos milhares de
anos de educação estereotipada de pais heteros, mas sentimos que existe uma
oportunidade aqui para que dois pais gays sejam uma coisa significativamente
diferente.
Então, meus "twiblings" (irmãos
gêmeos, que aparentemente é o novo termo para nosso pequeno experimento
científico, em que os gêmeos nascem da mesma doadora de óvulos, mas são
fertilizados separadamente por mim e por meu esposo em uma clínica em Pasadena,
em um processo sobre o qual nunca falaremos novamente) têm quase um ano, e
aprendi algumas coisas que gostaria de compartilhar com todos os novos pais
gays por aí.
Vamos lá:
1. Estabeleça uma agenda: "6h15: 200 ml;
6h40: abdominal..."
Minha maior dica é estruture, faça uma lista,
PROGRAME-SE! Tem tudo a ver com um adequado senso gay de ordem detalhista! Meu
esposo e eu decidimos que iríamos manter nossos empregos (e músculos) e nos
organizamos para isso: as refeições eram programadas, os banhos eram programados,
eles tinham uma babá e sabemos exatamente o que está acontecendo a cada hora do
dia, incluindo a hora que vamos para a academia, quando vamos dormir e quando
respiramos.
Achei isso muito saudável (talvez um pouco
assustador para amigos e vizinhos). É saudável para as crianças, é saudável
para nós e cria uma ordem que te ajuda a manter alguma aparência de sanidade.
Consistência é muito importante e, nos primeiros quatro meses, eu mantive a
consistência como se fosse um computador.
2. Baby Connect: "o Grindr da gestão do
bebê (?!)"
No hospital, nos deram folhas de papel para o
registro de cada cocô do bebê, refeição, soneca, etc. É muito valioso monitorar
toda essa informação para o seu pediatra, mas também porque é muitas vezes
difícil quando duas pessoas estão criando uma criança registrar o que aconteceu
(e, se você tem gêmeos, isso se torna um pesadelo burocrático). Mas a abordagem
do papel e caneta é impossível.
Descobri o Baby Connect por meio da rabina
Heather Miller (seu padre salva sua alma. Seu rabino evita que você perca a
cabeça!).
Este simples aplicativo permite que você
monitore um nível absolutamente neurótico de coisas, e se sincroniza com outros
aparelhos, então você, seu parceiro, sua babá e sua mãe -- que simplesmente NÃO
CONSEGUE IR EMBORA -- podem acompanhar o que está acontecendo e o que precisa
ser feito.
A menos que você esteja em um lugar muito
excêntrico, você nunca se importa sobre o tamanho e consistência do cocô da sua
casa -- até você ter filhos. Os melhores US$ 4.99 que gastei com meus filhos!
3. Toque Kylie
Minogue para eles: The Eentsy Weentsy Streisand Went Up the...
Aqui vem a parte gay. Desde o primeiro dia,
nunca paramos de tocar música para nossos filhos, em todas as horas em que
acordam. Sempre existe algo de fundo.
No entanto, se você deixar meus filhos
escolherem as músicas que gostam mais, provavelmente vão preferir What's the
Pressure ― a música da Bélgica para o Festival Eurovisão da Canção deste ano --
do que The Wheels on the Bus [canção infantil]".
Eu costumava fazer uma sessão de "noite
de Madonna" para eles, tocando a canção e dançando em volta da sala. Isso
os mantinha interessados, estimulados -- fez com que amassem minha música. Que
é muito divertida.
Reserve um tempo para preparar algumas
playlists para diferentes estados de humor e horários. Toque as músicas que
VOCÊ ama e todos vão amá-las juntos. Afinal, as primeiras palavras deles
provavelmente serão "Gaga" de qualquer modo.
Além disso, aos três meses de idade, comecei
a passar vídeos de música para eles. Uma vez, ambos estavam gritando a plenos
pulmões e, de repente, o vídeo Confide in Me, de Kylie Minogue, apareceu na
tela -- e eles imediatamente ficaram quietos.
Logo descobri que este vídeo é MÁGICO PARA
ACALMAR BEBÊS!
Não sei por que, talvez as cores, talvez a
edição, mas comecei a usá-lo a meu favor: todas as vezes que surtam e não
consigo controlá-los -- a tia "Kylie" aparece, e tudo fica bem.
4. Tire uma tarde de folga por semana
Como parte de nossa agenda, meu esposo e eu
decidimos cada um tirar uma "tarde de folga" todas as semanas. Porque
todas as manhãs vamos ao trabalho, voltamos e "trabalhamos" as
crianças. Isso consome tanta energia que sabíamos que cada um de nós precisava
de pelo menos uma noite por semana para "arejar", enquanto o outro
cuida dos bebês.
Então eu tiro as terças, ele tira as quartas,
e não sei o que ele faz com seu tempo, mas eu na maioria das vezes aproveito
para fazer "coisas gays": encontrar amigos gays, sentar no "Big
Gay" Starbucks, em West Hollywood (Los Angeles), ou praticar bootcamp com
meu adorável personal trainer Joel.
5. Vá com os bebês para lugares gays -- não
clubes, relaxe!
Mais frequentemente do que raramente, homens
gays amam bebês (especialmente quando não são os bebês deles).
É bom caminhar com os bebês; às vezes, apenas
se sentar em uma atmosfera "gay" estimula as pessoas a se aproximar e
conversar com você, para brincar com os bebês e se oferecer para ser seus
"guncles" [gay e "uncle"; tio em inglês].
Para mim, descobri que ver outras pessoas
derramando amor sobre meus filhos, conversando comigo sobre o que é ser um pai
gay e, mesmo apenas sorrindo para mim quando me viam andando com o carrinho, me
fortaleciam de uma maneira estranha e me deram mais energia para enfrentar a
marca dos primeiros seis meses -- com alguma sanidade.
De qualquer maneira, você quer a oportunidade
de ver porque injeções de colágeno nos lábios nunca são uma boa ideia para
homens. Não, crianças, não façam isso!
6. Vá para a academia!: bombando leite e
bombando ferro!
É difícil. Você está cansado. Cansado não é a
palavra, você é um vivo-morto. E precisa trabalhar também. Tudo isso é verdade,
e encontrar tempo e energia para ir à ginástica é muito difícil. MAS FAÇA.
Sim, reduzirá as chances da temível
"barriga de cerveja", mas igualmente importante, ajudará você a
continuar se sentindo vivo em um momento quando sente que deixou de existir
como um ser físico. Gymboree [lojas de roupas infantis] é para os pais também!
7. Apenas acredite que tudo ficará bem, e as
crianças também: tudo serão flores.
Não é necessário explicar. Você ficará bem --
todos vocês! E, mesmo quando for difícil, lembre-se que você está fazendo o
melhor que pode. E isso é o suficiente.
Link: http://www.brasilpost.com.br/yanir-dekel/o-que-eu-aprendi-no-meu-p_b_12110006.html?utm_hp_ref=brazil
(Acesso em 22/09/2016).
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