Pra quem não conhece, o blog Do Seu Pai é recheado da rotina
apaixonante do Pedrinho Fonseca, vale a visita:
http://www.pedrinhofonseca.com/doseupai/
Abaixo, trechos que gosto muito:
não há guarda-sóis suficientes e, assim,
precisamos dividir nossa sombra com a família ao lado – que sequer sabemos quem
são. O mar não pode ser um mar de sujeira. Depois de nós, outros irão nadar,
boiar, surfar. A areia da praia é para futebol, castelo, picolé, queijo, açaí,
caldinho, coco, cerveja, amendoim, milho, frescobol, correria, calmaria,
dominó. Moças olham rapazes que olham moças que olham moças que olham rapazes
que olham rapazes e o amor se bronzeia igualmente em cada parte dos corpos.
Pipas sobrevoam tudo, agoniadas. Cangas deitam, suavemente. Vende–se óculos de
sol para os que olham. Vende-se chapéu para os cabeças-de-vento. Vende-se
protetor solar para os sensíveis. Não vende-se relógio porque ninguém está
atrasado. A gente pula as ondas onde elas ainda não são grandes para nos
engolir. O mar é uma saudade. Por perto, fica pequeno; de longe, mostra-se
enorme. O moço pobre anda descalço, a moça rica anda de plataforma. Mas pisam o
mesmíssimo chão de areia fofa que os faz andar desgraçadamente engraçados. O
velho e o menino têm medo do mesmo vento do fim de tarde, o sereno. Os amigos
sorriem: maresia. Toca Calypso. Toca Caetano. Toca Alceu. Música que o vento
leva para bem longe, quando estamos perto. E traz para perto, quando estamos
longe. Quanto mais gente chega, mais espaço tem – a maré baixa na hora certa,
que é para fazer caber. A praia é um
país, filho. Quem fica olhando do camarote, da varanda, não sabe o que é praia.
E quem tem praia sabe que varanda é muito pouco, quase nada.
Do seu pai,
Pedro
persistir é um dom. Mas deixa eu aliviar uma
angústia que o seu peito ainda nem sentiu. A gente, sabe-se lá a razão, recebe
um aviso estridente quando se depara com alguém que irá nos acompanhar na
jornada inteira. Pode ser uma reação química que nos acenda. Pode ser uma
reação física que nos cole. Pode ser uma reação biológica que nos faça suar.
Mas o aviso vem. Persistir com as
pessoas certas, filho, é um dom. E desistir das pessoas erradas é uma arte.
Do seu pai,
Pedro
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