Escola serve para...?

Dessa vez escrevo aqui um desabafo, uma pena.
Não gosto desse tipo de postagem por expor uma empresa ou uma pessoa por conta de uma situação chata que tenha ocorrido. Vou então fazer diferente: não vou citar nomes. Quero aqui levantar um questionamento, entender melhor o que os outros pensam a respeito.

RESPEITO
essa palavra pra mim é poderosa. Só me meti a escrever isso porque me senti desrespeitado.


A escola onde meu mais velho estuda só tem turmas até a quinta série; assim, temos a tarefa agora de encontrar uma nova escola. Ouvia dizer que era difícil, não imaginava o perrengue que é!

Entrei em contato com diversas escolas que me interessavam, que eu sabia ser tradicional ou que tivesse algo que me chamasse atenção. Aí começou a dificuldade: semanas pra responder email, retornar ligação, conseguir agendar uma visita. De oito escolas que me interessei, de cinco desisti de antemão. Ok, ficamos com três.

A primeira me assustou na primeira conversa: "olha que legal, temos aulas preparatórias pras olimpíadas de matemática, provas duas vezes por semana e salas que variam a configuração conforme o desempenho dos alunos durante o ano".
ATÉ LOGO.

A segunda era minha grande aposta: perto de casa, com uma tradição de formação humana e com uma estrutura impressionante. Fui meses antes do período de matrículas pra conversar com as coordenadoras, conhecer a estrutura e tal. Na semana passada levei o menino pra fazer prova lá, enquanto isso eles faziam uma apresentação aos pais interessados. Foi aí que começou a pegadinha: lá descobri que a prova era eliminatória. E-l-i-m-i-n-a-t-ó-r-i-a. Isso ficou pontuando na minha cabeça, tipo, como assim eliminatória? Mas ok, vamos ouvir o que eles têm a dizer, depois penso nisso. Conheci tudo, ele terminou a prova e fomos embora. Eu ainda com aquele assunto preso na garganta. Até que hoje recebo a ligação da coordenadora do curso, dizendo que infelizmente meu filho não tinha ido bem às provas, que ele não teria condição de continuar no processo seletivo. Caso quiséssemos, ele podia estudar, se dedicar bastante, e prestar outra prova na semana que vem. 
Agradeci a atenção, seco. 
Em seguida, não me aguentei: fui meio grosso com a mulher, mas precisava. Eu precisava desatar o nó que ela mesmo tinha feito na minha garganta. Eu respondi que era uma pena, eu tinha a escola como referência para formação dele não apenas intelectual. Disse que havia visitado a escola antes e que não havia sido falado que a prova seria eliminatória. Que eu sabia da defasagem e que o motivo estava explicitado na ficha de cadastro dele: foi adotado e por muitos anos não frequentou a escola, simples assim. A questionei sobre qual seria entçao a minha saída: eu teria que contratar uma comitiva de professores pra estudar em casa com meu filho já que as escolas teoricamente poderiam simplesmente não aceitá-lo por conta de uma defasagem. Estou errado ou a escola é o lugar onde as crianças aprendem? Me disse desapontado não pelo desempenho dele, que era esperado, mas com o posicionamento da marca escola, que nada tem a ver com toda a apresentação feita sobre uma instituição filantrópica e que preza a formação do ser humano como um todo. Desse modo eles querem formar apenas os selecionados; não tratando com igualdade soa como uma espécie de preconceito, velado mas é. Isso além de se equivaler à escolas como a primeira que visitei, que tem um método todo montado na competitividade e tal. Bom, pelo menos a primeira assume esse posicionamento, não tenta esconder isso com historinhas filantrópicas, causos de religião ou fazendo tipo de escola diferentona. Agradeci e atenção e desejei boa sorte à escola na escolha dos alunos.

Ainda bem que já existia uma terceira escola que, até o que consta, é a melhor opção mesmo. 

Agora me diz: seria a escola lugar pras crianças aprenderem ou pra serem selecionadas?

Comentários

  1. Infelizmente os valores estão invertidos na nossa sociedade, principalmente na brasileira. Veja bem, os valores educacionais se invertem o tempo todo na vida acadêmica: aluno de escola pública e exceção em universidades públicas, porque para ser aceito nessas universidades o aluno precisa ir muito bem num vestibular preparado ao molde do ensino médio particular ou dos cursinhos preparatórios (mas em nada tem a ver com os livros e grade de ensino da escola pública).
    Mas até aí a gente ainda pensa (tá a concorrência é grande, entao que vença o “melhor”), mas até na escola do ensino médio fazerem eliminatórias (perai!) não seria esse momento que o aluno precisa se preparar para ser o melhor no vestibular?
    Eu sinto muito que a escola tenha deixado seu papel de educar para o papel de aprimorar ou sabe-se lá o que. Einstein falhou aos 16 anos num exame para a politécnica Suíça. E outro dia eu li um artigo que dizia “escolas interferem negativamente na genealidade” e agora isso faz todo sentindo pra mim.

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  2. Nossa, Rafa, me deu uma tristeza enorme ler isso...

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