Segura a minha mão e não solta!

Tão importante quanto ser forte e ter os braços abertos para acolher o que vier, ser pai me ensinou a pedir ajuda. 




Confesso não ser fácil para mim. 
Sempre tive comigo que deveria ser forte, dar conta do intento que peguei para mim, coisa do tipo. Trabalho desde bem cedo e tenho muito forte em mim isso de trabalhar muito, o tempo todo: seja em casa, na cozinha, numa reunião formal ou até mesmo nas férias. Faço de tudo o melhor para que esteja a programação organizada e de acordo com o planejado, para que a casa esteja impecável, as plantas felizes e o sol entrando sala adentro. 

Mas tem coisas que não estão em nosso poder. 
O sol, por exemplo. 

Demorei anos para entender e aceitar que um dia nublado ou chuvoso não é o fim do mundo. Um dia foi, confesso. Um não: trinta, para ser mais exato. Quando morei em terras portuguesas passei uma temporada de chuva leve e muito frio que me traumatizaram - e me ensinaram, muito. Foi quando olhei para dentro e aprendi muito, em silêncio, sobre mim. Conheci de fato quem eu era, o que eu queria, gostava e o que eu precisava para viver bem. 
Viver bem, esse é o lema de Portugal. O que absorvi e tenho como lema para mim - o que mais aprendi durante o intercâmbio não foram as palavras diferentes do vocabulário, o sotaque gostoso ou a matéria toda da faculdade. Conheci a mim mesmo, e isso, meu caro, não tem preço. 

Pois bem, isso, que aconteceu nos lá em 2008, me preparou para hoje eu tirar forças (eu não faço a menor ideia de onde) para dar conta de tudo. 
Não sozinho, tenho vários braços - inúmeros, na verdade.

Em casa, o exercício diário de dividir tarefas para evitar a estafa - aprendizado do dia a dia. 
A cada centímetro crescido os meninos ganham novas tarefas por aqui. O pequeno já escova os dentes e arruma os brinquedos todos sozinho. Também escolhe a roupa em dias específicos. O mais velho lava a louça do café da manhã, arruma e organiza a rotina para a escola e para os compromissos da agenda dele, conserta o que precisar em casa. 
E não é só: temos amigos, vizinhos, familiares. 

É preciso reconhecer que se precisa de ajuda e pedir. 
Vivemos em rede, e não é à toa. 
Aliás, a melhor coisa de viver em rede, do mundo conectado, são as mãos dadas, os braços apostos ao que precisarmos. 

Ajuda também se pede aqui dentro: essa semana foi assim. Tivemos dias, nas ultimas duas semanas, intensos. Os dois pais ficaram doentes, de cama mesmo. Precisávamos da ajuda dos dois filhos para cooperarem no que fosse possível, para que os nossos dias não fossem tão desgastantes. À medida do possível, deu certo. 
Falamos como adultos, sentamos à mesa, os quatro, para um assunto de família. Pedimos a colaboração dos dois, pontuamos que entendíamos da necessidade deles de brincar, gastar energia e tudo mais. Comprometemo-nos a, à medida do possível, ajudarmos eles também no que precisassem. Mas tinham que entender também que passaríamos por uns dias mais quietos, de descanso - e isso significava, também, menos passeios, menos energia gasta. 

Fizemos o mesmo no começo do feriado, a uma semana. E posso falar?
Temos dois mini adultos nessa casa. O comportamento foi incrível, dos dois. 
Energia não faltou, e nem por isso faltaram com respeito ou com brincadeiras que machucassem ou que irritassem eles entre si. Pelo contrário: fortaleceu o laço dos dois. Montamos árvore de natal, nos divertimos no parque de diversões, dormimos bastante e assistimos vários filmes juntos. 

E nada disso seria possível sem as mãos dadas. Andar junto, sabe?
E você: tem as mãos atadas a quem? Dá um abraço forte, fala o quão importante é o calor das mãos que se unem, o brilho no olhar de quem você confia, e ama. E o mais importante: caminhem juntos. 

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