Quase uma semana depois da ligação agendando
a entrevista com a Assistente Social, enfim chegou o dia! Depois de várias
noites com sonhos malucos e mal dormidas de ansiedade, chegamos cedinho ao Fórum
João Mendes. Marcamos às 09h; pontualmente fomos recebidos. Quem entrou na sala
primeiro para conversar foi meu marido. E se passou uma hora desde que eles
entraram na sala, a minha ansiedade a mil e mal sabia o que tanto falavam lá
dentro.
Lá pelas 10h eles saíram e então ela me
chamou pra conversar, também sozinho. Depois dessa conversa inicial com os dois
então conversaríamos os três. Muito simpática e profissional, a assistente
social soube muito bem iniciar a conversa para que me sentisse à vontade para
contar tudo o que ela precisava saber a meu respeito. Começamos falando sobre
formação acadêmica e um pouco mais afundo sobre a rotina do meu trabalho; então
partimos para uma conversa pautada numa linha do tempo. Começamos falando sobre
minha infância: perguntou sobre formação familiar, como é o contato com eles,
onde cresci, estudei, brinquei, etc. Desenvolveu bastante o assunto da
infância, sempre linkando como era a minha rotina e das pessoas que viviam
comigo.
Depois de muito trabalhado o tema inicial,
começamos a falar um pouco sobre a adolescência, também abordando a minha
rotina, das pessoas da minha casa e familiares. Ela queria entender um pouco da
dinâmica do núcleo familiar e a nossa relação com amigos. Falamos também sobre
descobertas, rebeldias e momentos marcantes do amadurecimento nesse período. A
conversa foi o tempo todo muito bem balizada para ela conseguir tirar o máximo
de informações possíveis: falamos desde o fato de eu trabalhar desde muito
cedo, abordamos primeiro beijo, experiência sexual, contato com igreja... tudo
o que fez parte do meu crescimento e amadurecimento. Então falamos da fase em
que propriamente conheci meu namorado, quando entramos na faculdade. Aí então
ela chamou meu marido pra contarmos juntos essa parte da história.
Ele entrou e então contamos um pouco da nossa
história como casal, como era o relacionamento com amigos, como foi a aceitação
das famílias, etc. Depois de contarmos bastante sobre a gente ela começou a
usar um formulário que havíamos começado a preencher em casa e que terminaríamos
juntos na entrevista. Primeiramente falamos de nossa organização financeira e
preenchemos campos a respeito disso: renda conjunta e média de gastos. Então
iniciamos a parte que estávamos mais ansiosos para falarmos a respeito: o
perfil da criança desejada! E logo na primeira pergunta: dúvida!
O primeiro item questionava quantas crianças
gostaríamos de adotar. Queremos uma criança para sentirmos como se dá a
paternidade e o impacto na nossa rotina, etc. Mas nosso sonho mesmo são dois
filhos! Queremos um mas não queremos filtrar caso haja dois irmãozinhos com
perfil próximo ao que queremos... foi então que ela resolveu todo o nosso
problema no seguinte item. Marcamos que queremos uma criança e, no segundo
item, marcamos que nos interessa a adoção de irmãos, inclusive gêmeos. Problema
resolvido!!! O item seguinte se refere a quais estados queremos que nosso
contrato seja inserido; marcamos apenas em SP pois para o caso de adoção em
outro estado teríamos que ter disponibilidade (e recursos) pra ficar no local o
período que o juiz entender como necessário para adaptação da criança a ser
adotada. Tendo em vista nossa rotina atual, seria bem complicado isso...
Próximos itens: faixa etária – marcamos de 0
a 3 anos (é considerada “adoção tardia” apenas crianças maiores de 3 anos, que
tem um grande volume de crianças disponíveis e um pequeno volume de famílias
interessadas), cor – marcamos “indiferente” e sexo – marcamos “masculino”
(afinal, já tem até nome definido!). Por fim, o item mais complicado: itens
para os quais temos alguma restrição. São eles: “doença tratável” (bronquite ou
alergias, por exemplo), “doença não tratável” (Vírus HIV já manifestado, por
exemplo), “deficiência física”, “deficiência mental”, “vírus HIV” (para casos
de filhos que têm o vírus mas ele não se manifestou) ou “não faz restrição”. Nesse
momento tivemos uma conversa mais longa para entendermos o que se tratava essa
classificação e como ocorreria o filtro. Nosso temor, na verdade, nem é
propriamente pela criança ter uma deficiência ou algo do tipo. Temos receio de
como amparar um possível preconceito de uma criança que, quase que inevitavelmente,
será a exceção da exceção. Filho de um casal de homossexuais, provavelmente
negro... já temos várias “brigas” pra lutar junto com ele. E é essa mesmo a
ideia; a assistente social nos tranquilizou falando que quanto mais nos
imergirmos no assunto, mais seguros ficaremos para nos prepararmos para esse
tipo de situação. Trata-se, como falamos no curso preparatório, de uma “gravidez
psicológica”, e como tal devemos nos preparar. Livros, filmes e grupos de apoio
podem ajudar muito! E essa foi a “lição de casa”. Devemos voltar a falar no
começo do ano que vem novamente; até lá, temos que botar em dia a leitura, ver
alguns filmes e participar de algum dos grupos de adoção que temos em SP. Vamos
fazê-lo em breve postaremos aqui as novidades: resenhas do que vimos/lemos e
falamos também como funcionam as reuniões nos grupos de apoio.
Até lá!
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