Sempre me achei muito questionador e inconformado.
Ansioso por natureza, não paro quieto. Aos 13 já trabalhava na loja da família
e aos 14 já tive que tocar a loja sem ajuda de ninguém. Minha tia, numa
gravidez de risco e eu fugindo das aulas de educação física pra poder
trabalhar. Não tanto que eu precisasse trabalhar pra sobreviver, mas eu queria.
Amava! Meses depois nasceu meu primo temporão, afilhado do menino-gerente. Senti-me
pai. Chorei muito, fiquei feliz pra caramba. Prometi pra mim mesmo que seria o
melhor padrinho do mundo; e, porque não, um teste pra ser pai um dia. Quem
sabe?
Mas enfim, nunca fui tão “dentro do padrão” como os
meninos da minha idade. Além de sempre me cobrar horrores (como se eu tivesse
uma família com filhos pra criar, aos 15 anos), desde muito novo me reconheci
gay. Nada traumático como muitos pensam, mas um pouco difícil pra um menino do
interior sair contando pra todo mundo, ainda mais com o que pensava que queria
pra vida: queria estudar Arquitetura! Piada pronta, mas enfim: segui em frente.
Por algum tempo vivi um pouco escondido,
introspectivo. Acho que até entrar na faculdade, mudar de cidade, sair do ninho
da mãe. Foi libertador, mas só hoje percebo isso. Até então a minha vida se
limitava ao que teoricamente eu podia fazer: estudava, trabalhava e sonhava.
Sim, eu tinha sonhos, alinhados com essa minha introspecção: eu sonhava em me
formar e viver feliz pra sempre com meu cachorro (sempre amei cachorros!) e meu
filho. Como? Aqui começa a história toda: eu sempre quis adotar!
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