"Histórias de adoção", que estreia
na terça-feira que vem no GNT, tem o calor dos relatos pessoais e corajosos. É
essa pulsação que levará o público a se emocionar e refletir. E que, pela mesma
razão, fará com que ele perdoe o balanço indesejável da câmera quando ela
avança em momentos bem íntimos de seus personagens. Isso acontece já no
primeiro minuto, quando o diretor, Roberto Berliner, e a mulher dele, Ana
Amélia Macedo, saem de casa para buscar a filha caçula (eles já tinham adotado
Antônio). O registro é de 2004. Acompanhamos a chegada deles ao abrigo, o
encontro com o bebê e o momento em que ela abre os olhos já em casa. Depois,
seguimos o primeiro passeio de pais e filhos pelo calçadão do Leblon.
A câmera na mão atribui ao programa um ar de
diário privado. O cuidado com a técnica de filmagem não importa tanto. Ele cede
o lugar à preocupação com um registro de álbum de família. É, como explica
Berliner, uma série “para compartilhar memórias e ajudar”. E não se pode deixar
de dizer: o melhor personagem da primeira noite é Antônio, que fala com
impressionante maturidade (ele é adolescente) sobre questões complicadas.
O primeiro episódio é uma espécie de
apresentação dos depoimentos que virão a seguir. Ficamos conhecendo a casa de
uma inglesa que adotou oito crianças no Brasil; pessoas que, impedidas de ter
filhos biológicos, partiram para o que apontam como "a decisão mais
importante de suas vidas"; um casal de moradores de rua. Finalmente, há o
emocionante relato de Maiara, de 17 anos, que vive num abrigo porque nunca foi
escolhida. Ela diz que está "repetindo a história da mãe e da avó".
“Histórias de adoção” é bonito e merece a sua
atenção.
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