Hoje é dia de aprender o quê?


Quarto, cama, roupas, brinquedos, amigos, escola. Isso é só um pouquinho do bando de coisas que fica rondando a nossa cabeça quando está quase pra sair a Habilitação, já que a qualquer momento podemos receber aquela tão esperada ligação do Fórum.
E aí?
É, tem que estar tudo meio pensado porque a correria é tão grande que o quanto mais conseguirmos mastigar os assuntos antes desse momento, melhor! Vamos falar um pouco de educação.
É comum respondermos antes mesmo de raciocinarmos sobre o assunto sobre qual escola iremos escolher: alguma próxima de casa, reconhecidamente boa e que se encaixe em nosso padrão financeiro, nem que tenha que fazer algumas concessões para conseguirmos matriculá-la numa escola melhor. Acaba sendo como uma forma de “compensar” o déficit da criança até hoje, já pensando em aulas particulares extras e etc. Todavia não é bem assim: isso não garante um bom desempenho e muito menos uma boa adaptação da criança à escola e, mais do que isso, à nova rotina/vida.
Em primeiro lugar é bom deixar claro que não existe a melhor escola, mas sim a que melhor se adapta às particularidades de seu filho. Seja ele biológico ou adotivo, temos limitações e dons, e isso nos diferencia. E isso é ótimo! E é esse respeito e cuidado que devemos ponderar na hora de decidir o futuro de nossos filhos em relação a onde estudar.
Com tanta experiência de vida (na maior parte das vezes, ruins) em tão pouco tempo, é esperada uma dificuldade maior de adaptação pela criança que receberemos. Seja no convívio social, na escola ou na família, é preciso calma e muita paciência até que tudo se assente e que ela se ajeite em meio a uma rotina. Importante também ponderar que tipo de escola iremos escolher, não somente relacionado ao método de ensino. Na maior parte das vezes a criança já frequenta uma escola pública; é necessário ponderar o trauma ou adaptação mais complicada que essa criança pode ter caso a matriculemos numa escola particular logo de cara. Talvez seja mais interessante procurarmos uma escola pública pelo menos para esse período inicial, e em paralelo vamos trabalhando a adaptação em aulas extras de reforço, idiomas, natação. Assim o “peso” dessa adaptação fica menos concentrado e de mais fácil “digestão”.
É necessário tomar cuidado com o chamado conteudismo que muitas escolas têm orgulho de trabalhar - enormes quantidades de informações são atiradas na cabeça dos alunos... E na das mães e pais, por tabela, que estudam com as crianças. E, se questionarmos, teremos como resposta que a escola está preparando candidatos aos melhores vestibulares. Pode até ser, mas no comecinho do ensino fundamental já imergir a criança nessa nóia? Meu filho não!
Os primeiros anos escolares são importantes sim pra preparação e formação motora e intelectual das crianças, mas acima de tudo, a socialização. A vida profissional dos filhos não pode ser determinada pelos pais no berçário. A nós cabe dar-lhes condições para que possam fazer escolhas conscientes. Use todo o seu tempo para desenvolver relações de afeto; aumentar a auto-estima da criança é mais eficaz que proporcionar aulas extras; sentindo-se amada e segura a criança deslancha.
Escolas pequenas nem sempre são sinônimo de melhor atendimento; muitas vezes, por conta do orçamento reduzido, não é possível investir em corpo de apoio (psicólogo e pedagogo, por exemplo). Por outro lado, escolas grandes na maioria das vezes investem para atender um grande público, mas não há qualquer possibilidade de um atendimento mais particular e íntimo, como é importante principalmente nos primeiros anos pós adotivo. O ideal é encontrar uma escola de tamanho pequeno ou médio em que se tenha acesso ao corpo técnico para prepara-los em relação ao perfil da criança que iremos matricular. Fora isso é muito importante a empatia com o corpo técnico; confiança de um bom trabalho e transparência no dia a dia.  

Escolher a escola certa não é fácil, nem impossível... e também não é caminho sem volta, é sempre possível fazer nova escolha, certo?

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