Segunda é o dia internacional de começar dieta, de comer saudável e
engrenar aquela rotina saudável, certo? Pois bem, começamos a semana com uma
partida de futebol! Olha, acho que tinha bem uns vinte anos que eu não entrava
em um jogo. Como era de se esperar, o dia seguinte fez com que essa experiência
se tornasse, digamos, inesquecível. Nenhuma dor no corpo tira nosso sorriso
estampado que olha, nunca esteve tão intenso! Chegamos no abrigo e estava o
maior silêncio; de cara pensei que os meninos não deviam estar por lá. Batata!
Abriram a porta e disseram que eles estavam brincando no Instituto que tem na
frente da casa. Fomos pra lá e encontramos o Marola jogando futebol com um
amigo e o Tsunami assistindo, todo encapotadinho de frio, o irmão jogar.
Chegamos e cumprimentamos os meninos maiores e o pequeno veio como um tiro pros
meus braços.
Uma semana de paternidade e já aprendi: cansa, dá trabalho, mas tem
atitudes de segundos que compensam cada gotinha de suor, cada perrengue. Não
tem preço!
Advinha se não fomos desafiados? Pois bem, tivemos que jogar lá na
quadra: dois contra dois – os velhos contra os novinhos. Entre pausas pros
velhos tomarem um ar e recuperarem os batimentos cardíacos, acredita que
ganhamos? Cinco a dois que vamos jogar na cara deles sempre! Depois ficamos um
pouco com o pequeno enquanto os meninos jogavam mais uns chutes a gol. Começou
a esfriar muito e voltamos pro abrigo.
Crianças são totalmente imprevisíveis e, portanto, eu podia esperar de
tudo desse trajeto de pouco mais de cinquenta metros. E deu tempo de uma:
Marola: - Vocês vêm visitar
a gente na quinta-feira?
Eu: - Olha, eu pretendia
vir amanhã e quarta também. Se eu puder, venho os três dias, ok?
Marola, aos risos: - Lógico
que pode! É que na quinta-feira está agendada pra voluntária do Fazendo
História escrever mais uma página comigo, e eu queria que vocês estivessem
juntos.
Eu (engoli seco pra não
chorar na frente dele, respondi com um sorriso todo apaixonado e foi isso).
Entramos e fomos conversar com as meninas do abrigo e elas disseram
que andaram conversando com os dois, que o comportamento deles mudou nesse
tempo, estavam mais compenetrados na escola e bem contentes brincando no
abrigo. Tiveram também uma conversa com o mais velho sobre apadrinhamento – as
crianças têm padrinhos que vez ou outra as levam pra passear, dão presentes,
etc. E das quinze crianças do abrigo, só os dois que não têm. Elas perguntaram
pro Marola o que ele acharia de sermos os padrinhos deles; disseram que ele
ficou todo contente, que disse que gosta muito da gente; ela perguntou até se
eles vêm problema por sermos casados e tal, e ele abriu um sorrisão e respondeu
seguro que não tinha problema nenhum. Achei bem legal essa conversa e ter esse
retorno, principalmente porque estamos “ensaiando” para conversarmos com eles e
abrirmos nosso desejo de adotá-los. Conversamos também com elas sobre como seria
o dia das crianças e tal. Estamos bem ansiosos, mas daquela boa, de “vem coisa
boa por aí”!
Passada uma semana do primeiro contato visual, do primeiro abraço e a
primeira vez que ouvimos a voz deles, fomos pro abrigo decidirmos a contar pra
eles da nossa vontade em adotá-los. Chegamos, falamos um pouco com a assistente
social da casa e em seguida chamamos os dois pra subirmos numa salinha cheia de
brinquedos, que eles chamam de Ludico. Lá sentamos todos num tapete (o Marolla
tava envergonhadinho, acho que sentindo que vinha novidade por aí) e
conversamos com eles: relembramos um pouco das coisas que vivenciamos durante a
semana, do choro na missa, da recorrência e intensidade das visitas e enfim
abrimos pra eles nossa vontade. O Tsunami não ficou quietinho ouvindo,
continuou as brincadeiras dele entre beijos e abraços nos tios. Já o Marolla
ficou vermelho, meio tímido, mas não economizou no abraço apertado. Ficamos
quietos um tempinho (entre uma birrinha e outra do Tsunami), demos um envelope
pra eles com uma foto nossa e uma da nossa casa (que fez bastante sucesso,
principalmente a preguiça em cima da geladeira!), em seguida começamos a
brincar. Aos poucos foram subindo mais meninos do abrigo e entrando na
brincadeira que durou até a hora do jantar.
Descemos pra deixá-los comer e pegamos nossas coisas pra irmos embora,
quando encontramos a voluntária que faz o álbum com a história do Marola. Ele
que tinha convidado a gente pra participar do próximo encontro com ela, e o tal
encontro tinha sido adiantado pra terça-feira. Tem como negar? Imagina,
deixamos nossas coisas num canto e fomos jantar com eles. Em seguida fomos lá
conversar e acompanhar como era a dinâmica do tal livro de histórias. Foi super
gostoso! Ele mostrou pra ela as fotos que tinha ganhado da gente e pediu pra
colocarmos no álbum dele!!! Primeiro montamos juntos uma página contando sobre
o dentinho dele que tinha caído no mês passado, aí montamos uma página com
nossas fotos (que ele até errou meu nome quando foi escrever de tão
confuso/feliz que estava!) e depois fizemos uma página pra contar do domingo em
que ele tinha sido coroinha (e tiramos uma foto, óbvio!). Bem mais tarde que o
esperado e mega felizes, fomos embora, já combinando como seria a farra do dia
seguinte: o tão esperado dia das crianças!
Na quarta-feira deixamos ele curtindo as programações especiais do
abrigo com outros voluntários que cuidariam do almoço e iriam lá levar
presentes. Como além de tudo era o famoso dia da pizza, achamos melhor ir pra
lá no final da tarde e ficarmos pra jantar. Preparamos umas sacolinhas de doces
pra entregar pra todos e fomos pra lá!
Chegamos e a casa estava em festa: era criança pra todo o lado,
presentes, embrulhos, doces. Ganharam carrinhos, bola, tênis, chocolate, salgadinhos.
Estavam eufóricos! Quando chegamos o pequeno deu uma chorada porque queria
brincar com o carrinho dos outros meninos e reclamava quando os outros chegavam
perto: rapidinho o STU já pegou ele no colo e levou pro parquinho do Instituto
pra dar uma acalmada. Enquanto isso fiquei lá com eles brincando e um tempo
depois fomos pro quintal brincar de bola. Brincamos um tempão, deixamos os
meninos bem cansados! Depois pegamos a bola do pequenos e ficamos os quatro
jogando um bom tempo também. Entregamos os doces e, como era de se esperar,
comeram tudo de uma vez, rapidinho! Depois do banho deles, chegou a pizza.
Acredita que ainda tinham espaço no estômago pra comer?
com carinho,
dois pais.
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