Diariamente



vocês nem imaginam, mas quando a gente vira pai alguns assuntos são resolvidos de forma surpreendente. da noite pro dia começamos a visitar vocês diariamente: começamos desenhando leões e enrolando papéis de revista, agora abraçamos desconhecidos nas ruas e desenhamos corações que simbolizam nossa família. aliás, junto com vocês, estamos desenhando o nosso próprio conceito de família. não deve ser fácil encarar olhares tortos por aí pelo fato de não terem uma mãe, tampouco pelo fato de terem dois pais ou pela diferença no nosso tom de pele, cor dos olhos, sotaque, enfim. prestem atenção e guardem bem o que temos vivido esses dias, têm sido cruciais. os abraços apertados, o cafuné fora de hora, o “papai”/”filho”/”eu te amo” que saem a cada dia mais naturais, tudo isso é conquista nossa e de mais ninguém. nós quatro estamos colocando cada tijolinho construindo uma relação bem diferente de tudo o que se vê e, amo mesmo tempo, tão careta quanto qualquer outro lar. a rotina às vezes nos faz errarmos e minutos depois reconhecermos o deslize; espero termos sempre paciência de ouvirmos e humildade para reconhecermos e consertarmos tudo a seu tempo. roda mundo, roda peão, roda moinho, roda-gigante – tome dramin e tome tento, porque essa vida trata de tentar nos fazer de tontos, mas nada, nada, filho, sobrevive a um salto certo, no instante apropriado, com pessoas que amamos ao redor (trecho em itálico – autor: Pedrinho Fonseca).

com carinho,


dois pais.

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