tem
um tempo que não escrevo aqui, também tem um tempo que não tenho tido muito
tempo pra eletrônicos de uma maneira geral. tenho escrito bastante no
imaginário e pouco no papel. deixei de lado minhas séries prediletas, as
notícias do jornal nem me interessam tanto mais, a novela não tem a menor
graça. virar pai dos dois meninos é como se tivéssemos assinado um pay-per-view
inteiro com programações dedicadas e exclusivas. por que raios eu trocaria de
canal?
começa
cedo – varia entre seis e meia e oito da manhã. primeiro a gente ouve o pequeno
cantarolando baixinho com a voz ainda rouca e o nariz (como sempre)
atrapalhando a fala de tão ramelentinho. minutos depois o mais velho acorda,
entorta a cabeça pra baixo em direção ao irmão predileto e grita – baixo e
rápido: “- Davi! Davi! Davi”. pronto, era a faísca que precisava pra despertar
os dois, e então seguem momentos de fofura e muita empolgação: são beijos,
abraços apertado, carinho na mão até na hora do xixi. ta aí uma hora que os
pais mandam na tal da TV: enquanto o jornal fala lá sozinho, a gente senta pra
comer; isso depois do corre que dei pra lá e pra cá pra organizar tudo enquanto
o stu luta insistentemente contra a preguiça. isso em nada mudou: continuo
acordando elétrico e ele, sempre, preguiçoso. é o signo, é ele, e por isso que
eu amo tanto. todos acordados? agora sim sentamos à mesa e tomamos o leitinho,
o café ou o que tiver pra hoje. a tradição pede o bigode de leite do Davi e o
afeto do Allan com todo mundo. só então posso dizer que meu dia começou; a
partir daí, tudo é novidade.
um
mundo novo cheio de manhas e birras, beijos e abraços. pra quem tava acostumado
com planilhas e panelas, cuidar dos meninos é pura novidade. e eu, inquieto que
sou, estou amando. a licença tem sido o período em que mais tenho trabalhado: é
rotina pauleira das seis da manhã às nove da noite – sem pausa pra um cafezinho,
descanso no final de semana, nada disso. é intenso em todos (todos mesmo) os
sentidos. é bem cansativo sim, mas graças a Deus é muito recompensador, e ela
vem rapidinho! sabe aquela hora que bate o desespero e você pensa que não vai
dar conta? pois bem, pode apostar que no máximo em cinco minutos tudo se
resolve sozinho, é só você se acalmar. ainda reflexo de toda a espera da tal
fila de adoção, o que mais cansa acho que é mesmo a ansiedade – aquele medo
quase doentio de não estar fazendo as coisas do jeito certo, antecipando
problemas. as coisas são bem mais simples e se resolvem numa facilidade que vez
ou outra dá até raiva. poxa, li e estudei tanto pra resolver tão fácil assim?
pois
é, a gente pensa que tá no controle das coisas? que nada! tem algo (pra uns é
Deus, pra outros Alá, Bowie ou qualquer outro que o valha) que dá aquele
empurrãozinho. ser pai também aumenta muito nossa fé; não digo devoto de
qualquer coisa, mas o cultivo da fé e da espiritualidade que existem em nós,
independente de igreja, culto ou coisa do gênero. é muita responsabilidade
cuidar de um filho num mundo maluco como esse, a gente precisa de ajuda senão a
gente surta!
o
ano foi difícil, mudanças mil o tempo todo. e uma dessas mudanças nos trouxe
esses dois mundos pra pertinho da gente, não temos do que reclamar. que em 2017
muitas outras famílias que esperam na fila possam ser abençoadas também!
Comentários
Postar um comentário