dias intensos.
a montanha russa da filiação não perdoa.
quando a subida é lenta, pode apostar: daqui a pouco tem queda livre.
às vezes demora, noutras ainda - na inércia por conta de outras preocupações e ocupações - a gente mal percebe os cabelos em pé, os sentimentos à flor da pele e o castelo de cartas ruindo.
é preciso estar atento e forte.
o tempo todo.
em paralelo parece que o mundo entende nossa dificuldade e nos joga na cara algumas saídas. nessa semana experimentei duas delas: uma entrevista super afetiva e cheia de memórias e um workshop com uma psicóloga sobre autoestima. e aprendi muito nas duas experiências.
a começar pela referência que ouvir sobre um casal com filhos: é necessário estar pronto à paternidade / maternidade ou tão somente prontidão? ou ainda: o que mais interessa - estar pronto ou prontidão?
nunca me achei pronto e acho que esse momento nunca vai chegar. o aprendizado é diário, as pancadas na cabeça também. a gente toma e aprende, acerta e aprende, não sabe se foi bom ou ruim e aprende.
aprendi também que a gente controla só duas coisas na vida:
- o que a gente pensa sobre a gente mesmo;
- (aprendemos a) comportar-nos a partir de emoções ou a nos comportar, previamente, para quando formos expostos a emoções das mais diversas.
tá aí: aprendendo ainda, tá vendo?
hoje tinha tudo para ser o dia perfeito, e não foi. não por culpa minha - ou sim. emoções que chegam e ainda não sei como lidar. problemas que se ajuntaram e hoje acordaram atirando aos quatro ventos - não adianta procrastinar, um dia a conta chega.
bingo! e vem com juros e correção monetária.
mas vamos lá: nessas horas é preciso respirar fundo. aqueles 5 minutinhos de reclusão, de respiração profunda. lembra do recado que dão no avião né?
“Em caso de despressurização as mascaras de oxigênio cairão automaticamente. Caso esteja acompanhado de alguém que necessite de sua ajuda, coloque sua máscara primeiro para em seguida ajudá-lo.”
a maior verdade da vida: na paternidade, ainda mais.
a expectativa é um veneno de gosto doce que engolimos dia a dia sem ao menos perceber. só nos damos conta quando é convertida em frustração e aí tudo vem à tona. na verdade não necessariamente: às vezes nada vem à tona, apenas olhamos para trás com outros olhos e percebemos os erros e falhas do caminho.
a felicidade não pode depender do outro - ser feliz sozinho ou com o outro.
Minha Culpa (Florbela Espanca in "Charneca em Flor")
Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem Quem sou?! Um fogo-fátuo, uma miragem... Sou um reflexo... um canto de paisagem Ou apenas cenário! Um vaivém...
Como a sorte: hoje aqui, depois além! Sei lá quem Sou?! Sei lá! Sou a roupagem Dum doido que partiu numa romagem E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...
Sou um verme que um dia quis ser astro... Uma estátua truncada de alabastro... Uma chaga sangrenta do Senhor...
Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados, Num mundo de vaidades e pecados, Sou mais um mau, sou mais um pecador...
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