O pequeno tem batido numa tecla que nos fez perceber algo incrível.
Tem um ano e meio que eles estão com a gente e, tendo em vista a idade dele – quatro anos e meio, mais de 30% da vida dele já foi em casa!
Repetidas vezes ele diz: quando eu morava no abrigo eu não conhecia essa casa, né?
A gente responde que sim, aproveita para perguntar se ele gosta, se tem alguma coisa faltando ou ideia para melhorar o quarto ou a casa como um todo.
Muito além da memória: enfim vemos o pequeno “aceitando” sua história, e isso é um avanço e tanto.
Meses atrás quando perguntávamos algo sobre o tempo antes de nos conhecermos ele se fazia de esquecido, como se nem tivesse ouvido a nossa pergunta. Agora não, ele encara e responde de frente.
Temos uma história importante de amplas conquistas mediante o fato de prezarmos sempre por assumir, de forma escancarada os nossos costumes e escolhas, nas mais diversas ordens – sexualidade, relacionamentos, paternidade e afetos. Acredito que seja muito importante para ele e para a história dele esse avanço.
Não devem ter medo de contar uma história linda dessas, apesar de partes que podem doer um pouco ao relembrar. Mas não é exclusividade de filhos provenientes de uma adoção: qualquer um de nós tem histórias, vitórias e derrotas. Uns em escalas diferentes de outros, mas todos têm cicatrizes.
E elas contam muito do quanto somos fortes, do quanto podemos mais.
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