ensaio ao (pai antes de ser pai)

começamos com uma pergunta de semântica - pergunta não, um desafio. 
já estamos (me uni a uma gangue) pra tentarmos desvendar esse mistério, mas até agora nada. 

uma pessoa é solteira e, depois do casamento, torna-se casada.
uma pessoa estuda direito ou medicina e, passados os anos de graduação, torna-se doutor. NÃO, pera - torna-se advogado e médico mesmo. 

bem, vamos lá:
agora qual a palavra que podemos usar para designar aquela pessoa (pai/mãe) antes de ter um filho a tira colo?

já fuçamos mil e um dicionários, autores que historicamente trabalham de forma brilhante com neologismos e coisas do tipo - nada! 
alguma dica por aí, pessoa?



o fato é: parentalidade é um negócio que devia ser estudado.
vicia, faz-nos refém de pequenas criaturas que enchem a nossa orelha de histórias, a nossa agenda de programações e a pele, de abraços sinceros. 

ter filhos transforma (e, se não transformou meu caro, está fazendo errado).
não entro no mérito aqui de ser melhor ou pior, mas de fato: muda tudo, não fica nada onde e como era antes. 
aproveito o dia dos pais que está chegando pra dar uma dica àqueles e àquelas que ainda não o são: que estão em processo (acompanhando a barriga crescer ou mexendo os pauzinhos para uma fertilização ou na fila da adoção esperando o telefone tocar com uma técnica do Fórum chutando a tua vida todinha).

o conselho é bem infantil (me lembra um pouco as aulas de literatura na adolescência quando a gente descobre o significado desse termo do latim e acha que é isso, que temos que tatuar e gritar 24/7 isso aos quatro ventos: carpe diem.

e olha, eu tô falando no mais alto grau de camaradagem, na real mesmo: pensa bem em tudo o que gosta, hoje, e faça. não deixe nada escapar. 

ser pai preencheu cada buraquinho que faltava, trouxe energia e alegria que nem sei de onde vem (sei sim, os olhos do Davi são cor de mel - emana energia do pequeno!), afeto e muito aprendizado que só uma criança no auge de seus 12 anos com uma história de vida pesada e linda consegue ensinar os dois pais, como o Allan o faz todo o santo dia.
mas confesso que vez ou outra sinto falta de algumas coisas que, de fato, não são mais possíveis:


acordar no domingo, tomar café da manhã e voltar pra cama. 
sair pra passear pela cidade sem se preocupar que são 12h e é preciso almoçar ou sem saber onde tem um banheiro, bebedouro e afins.
encher a cara numa sexta ou sábado à noite (primeiro por não ter pique e segundo por não ter tempo pra ressaca no dia seguinte).

pensando bem: não.
não me fazem falta não. lembra que falei da transformação? pois é. a gente já até fez essas coisas aí de cima deixando os dois com as avós, por exemplo. 
mas posso falar? não é a mesma coisa, não tem a menor graça. 

acho que o melhor mesmo é aceitar que sim, mudamos. e a realidade agora é essa: sete da manhã já tem gente acordada assistindo TV, zanzando com carrinho, bola e boneca. simples assim! 

feliz dia dos pais,
e força a todos aqueles que encaram o desafio da parentalidade e tem lindas memórias de quando eram (como é que chama mesmo?).
aos que não sentiram a transformação: mergulha, amor.

Comentários

Postar um comentário