11 anos de dois



tempo de sobra pra sentar e demoradamente falar da vida, das conquistas, dos futuros.
tempo de falta pra sentar e demoradamente falar.
rápido.

agenda cheia: "amanhã o menino tem prova", "viu que o cachorro tá com conjuntivite?", "tem que molhar as plantas", "tirou o dinheiro da faxineira?".

construímos isso tudo. 
dois pais e dois filhos, uma casa com muito amor, sol e um pouco de preguiça. 
o cachorro? veio de brinde - pra lamber e cheirar cada momento nosso - agora, a cinco. 

cinco vidas que, num percurso de onze anos, conectaram-se.
rede forte essa, "longe, mas nunca distante". 

essa frase eu repetia, repetidas vezes, quando estava longe do meu guri. 
amor novo de amizade antiga. parceria sólida que se firmou depois de um beijo, não antes de uma cara virada. barreiras que encontramos, de novo e sempre. 
barreiras que tornam essa jornada um á de "fizemos tudo isso?"

mais fácil agora: vendo os filhos crescerem e tornarem-se gigantes - real e figurativamente. 
mas olha, que tem muita coisa que a gente conquistou e viveu nesse meio tempo que, para além dos filhos, também me enche o peito de orgulho. 

o amor. 
simples né?
não quando se pensa no país que mais mata LGBTs.

nosso amor se fortificou no início para, anos mais tarde, virar potência. 
extravasar.
para além do casal, da casa, das nossas vidas.

amar virou também ato político. 
a dois, a três, a quatro, a cinco. amor é sempre positivo - encontramos nosso meio.
criamos nosso ninho, hoje com cinco meninos que respiram, comem, dormem debaixo de um mesmo teto, abraçados pelos mesmos braços, com os mesmos olhos cheios d'água em pensar e dizer "te amo".

homem chora sim,
ainda mais depois de onze anos colecionando motivos,
pra chorar,
pra amar,
pra viver.



respeita a existência ou espere resistência! 
#amorgay #lgbt #famílialgbt

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